História

DOS ANOS 70 AOS NOSSOS DIAS

Gestão 2012/2014.

Laelia purpurata
Laelia purpurata

Foto: Manfredo Hubner

As atividades orquidófilas em Santa Catarina remontam a 1938, quando do surgimento das primeiras sociedades orquidófilas, sendo a Agremiação Joinvillense de Amadores de Orquídeas de Joinville – AJAO a mais antiga, seguidas pela de Florianópolis, Blumenau, Itajaí, Brusque, Laguna, Tangará e Sombrio.

Algumas delas ainda existem e desenvolvem atividades extremamente relevantes no que diz respeito à cultura e a divulgação das orquídeas, mais notadamente o cultivo da Laelia purpurata.

Devemos destacar a AJAO por sua famosa e reconhecida a nível internacional Festa das Flores, que acontece anualmente no mês de novembro, tendo como flor homenageada a Laelia purpurata.

A Federação Catarinense de Orquidofilia – FCO, surge em função da abnegação de um grupo de orquidófilos do Estado de Santa Catarina, que tinham e viam na orquídea Laelia purpurata a razão para a sua efetiva criação. Entre estes orquidófilos podemos citar: Sra Hilda Claumann, Paulo Ewald, Oswald Guedert, Osmar Tessmer, Arno Burger, Gerhardt Karl, Nelson Berndt, Carlos Hriz Manteuffel, Roland Brooks Cooke, Lothar Backes, Walter Moritz e Armando E. Pollidessas.

Atualmente a FCO é uma entidade civil sem fins lucrativos com personalidade jurídica própria, fundada em 22 de junho de 1985.

Entre os anos de 1850 a 1950, a “orquidofilia” se caracterizava pela extração e coleta intensiva de orquídeas em seus habitats naturais, quase que exclusivamente da Laelia purpurata. Este extrativismo intensivo, basicamente era dedicado à exportação das mesmas para o Continente Europeu e Estados Unidos da América. A região onde se concentrava esta atividade era marcada pelo litoral de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, tendo como principais locais: O entorno das lagunas dos municípios de Laguna, Imbituva e Jaguaruna; Uma faixa da terra entre os municípios de Araranguá (SC) e Osório (RS), destacando-se o município de Torres no Rio Grande do Sul, e a Ilha de Santa Catarina, qualificada por F. C. Hoehne em seu livro Iconografia das Orquidáceas do Brasil de 1927, como um orquidário natural.

Foi nesta época que surge a figura marcante do retirador de orquídeas do mato, mais conhecido como “tirador”, “caçador” ou “mateiro”, sendo que grande parte deles a partir de 1938, tornam-se amantes e colecionadores de orquídeas e podemos considerá-los os precursores no conhecimento e cultivos de nossas orquídeas.

A Rainha das Orquídeas Brasileiras

A Laelia purpurata, já era conhecida mesmo antes da sua descrição, tanto é verdade que no livro Voyages pittoresques au Brésil de 1835, a mesma aparece em algumas gravuras/ilustrações botânicas realizadas pelo pintor e ilustrador botânico Maurice Rugendanz.

Mas sua descoberta aconteceu em 1847 por François Devos no litoral da então Província Imperial de Santa Catarina, hoje, o município de Florianópolis.

Rainha das Orquídeas Brasileiras

Rainha das Orquídeas Brasileiras

Foto: Marcelo Vieira Nascimento

Floriu pela primeira vez, fora do seu habitat natural (Brasil) em 1852, nas Estufas da firma James Backhouse and sons em York, na Inglaterra. Naquele mesmo ano, no mês de junho foi exibida à Royal Horticulture Society em Londes, porporcionando desta maneira o seu estudo, sua descrição e a sua classificação pelo famoso botânico John Lindley. O exemplar observado por ele e que o orientou na classificação e descrição foi uma Laelia purpurata com sépalas e pétalas uase brancas.

A publicação destes estudos e principalmente a descrição, foi realizada pelo Jardineiro e Arquitetor Joseph Paxon, na obra Paxton´s Flower Garden 3: 111-112, tab. 96, no ano de 1852.

Estes fatos ocasionaram a coleta de grandes quantidades da Laelia purpurata em todo litoral catarinense, principalmente na Ilha de Santa Catarina e despachados pelo Porto existente na mesma, para as firmas M. Verschaffelt em Ghent, na Bélgica, bem como para o Mijnheer Brys de Bornhem, junto a Antuérpia, e dessas espalhadas por inúmeras coleções de orquídeas existentes na Europa continental e na Inglaterra.

Independentemente de sua identidade científica a Laelia purpurata é conhecida por todos como “parasita” e “bainha de faca”, numa alusão a folha e espata floral da planta, que se assemelha a uma capa ou estojo de proteção para facas.

Para os amantes da espécie ela é saudada como “Rainha das Orquídeas do Sul do Brasil”, “Rainha das Laelias”, “Rainha das Florestas Litorâneas”, “Rainha das Selvas do Brasil Meridional” e “Rainha das Orquídeas do Brasil”.

Um fato de sublime exaltação aconteceu em 1942, proporcionado pelo saudoso orquidofilo Sr. Campolino José Alves, um dos fundadores da Sociedade de Amadores de Orquídeas de Florianópolis, expondo centenas de flores da Laelia purpurata no andor da Padroeira do Estado de Santa Catarina, Nossa Senhora de Santa Catarina, reverenciada através de monumental procissão pelas ruas de Florianópolis.

Foco das inúmeras adjetivações e sua fascinante beleza e representatividade no âmbito da rica flora brasileira de orquídeas, a Laelia purpurata vem ao longo do tempo sendo homenageada, dentre elas podemos destacar:

Laelia purpurata estriata

Laelia purpurata estriata

Foto: Manfredo Hubner

  • Flor emblemática do Herbário Barbosa Rodrigues, em Itajaí, Santa Catarina, a partir de 22 de junho de 1942.
  • Flor símbolo do Estado de Santa Catarina, através da Lei nº 6.255 de 21 de junho de 1983.
  • Flor símbolo do município de Florianópolis, através da Lei Municipal nº 7.037 de 9 de maio de 2006.
  • Flor símbolo do município de Joinville, através da Lei Municipal nº 5.640, de 8 de novembro de 2006, na variedade Oculata da Pedreira.

A Fundação da FCO

Após a realização de quatro Exposições Estaduais, consecutivas com grande repercussão e sucesso não só em Santa Catarina, mas no Brasil, as Agremiações Orquidófilas existentes na época, sentiram a necessidade da melhoria da qualidade, bem como, da ampliação destas exposições e o fortalecimento das relações entre estas agremiações. Para isto seria necessária a criação de uma entidade que pudesse organizar estas necessidades.

Laelia purpurata sanguinea

Laelia purpurata sanguinea

Foto: Manfredo Hubner

Para tratar dessas necessidades em 1983, foi realizada uma reunião no Seminário de Azambuja no município de Brusque, que foi gentilmente providenciado e cedido pelo Pe. Vito Schlickmann (Hoje Dom Vito Schlickmann), neste encontro estavam presentes as agremiações citadas ao lado.

Foi então deliberado pela criação de uma comissão especial para assuntos de Exposições de Orquídeas e Plantas Ornamentais com a finalidade de colaborar com a organização das exposições, aprimorar o regulamento para o julgamento de orquídeas, estudos e promover a integralização das agremiações de Santa Catarina.

  • AJAO – Agremiação Joinvillense de Amadores de Orquídeas;
  • ABAPO – Associação Bursquense de Orquidófilos e Amadores de Plantas Ornamentais;
  • SOSC – Sociedade Orquidófilo de Santa Catarina, hoje ASSOF – Associação Orquidófila de Florianópolis;
  • COB – Círculo de Orquidófilos de Blumenau; e
  • SCIO – Sociedade Cultural Itajaiense de Orquidófilos.

Os trabalhos desta comissão tiveram seu início em 1984, até a realização da 5ª Exposição Estadual de Orquídeas, que aconteceu no Mausoléu Dr. Hermann Blumenau, no município de Blumenau, em novembro daquele mesmo ano, tendo como organizadora o COB.

Ao final desta exposição, ficou acordado que haveria uma reunião no município de Brusque, onde em função dos estudos realizados pela comissão, seria apresentada uma proposta de criação da FCO, bem como do Estatuto Social da mesma. No inicio de agosto de 1985 foi dado por concluído a elaboração da redação final da proposta. Foram então convocadas as Agremiações em Assembléia Geral, que aconteceu em 18 de agosto de 1985, através do edital de convocação publicado no jornal O Estado, na página nº 45. A Assembléia Geral foi realizada no dia 24 de agosto de 1985 às 9h30min, no pavilhão de Exposições da CITUR no município de Balneário Camboriú/SC.

Desta reunião resultou a aprovação da proposta do Estatuto Social da FCO assim como a eleição da primeira Diretoria Administrativa e do Conselho Fiscal.

A FCO foi registrada no dia 07/10/1985, com a publicação do Extrato do seu Estatuto Social, no Diário Oficial de Santa Catarina nº 12.809, em sua página 99.

Entre os dias 22 de novembro e 1º de dezembro de 1985, aconteceu a 6ª Exposição Estadual de Orquídeas, sendo, a primeira organizada pela FCO, no município de Balneário Camboriú, patrocinada pela CITUR, fazendo parte da 1ª Feira Nacional do Verde.

As atividades da FCO e das agremiações filiadas a ela, não se restringem apenas as Exposições e Amostras de Orquídeas Bromélias, Bonsai, Cactos, Suculentas e Plantas Ornamentais.

São promovidos palestras, mini-cursos, cursos, excursões a outros estados para participar de exposições, trabalhos sociais principalmente co crianças e jovens, voltados ao cultivo de orquídeas, e a educação ambiental.

Cattleya intermedia rubra

Cattleya intermedia rubra

Foto: Manfredo Hubner

“A orquidofilia não se resume em exposições, certames, encontros, palestras. Estas atividades representam o lado lúdico e social e talvez o mais agradável. Mas há que se incluírem também as técnicas de cultivo, a melhoria genética por cultivares, a apreciação da beleza das orquídeas, a organização em círculos, associações e federação. O somatório de tudo se traz em Cultura”.

“Uma Cultura que nasceu inspirada por uma orquídea excepcional: a nossa querida Laelia purpurata. O reconhecimento da importância e do significado da purpurata, em Santa Catarina a transformou em Flor Símbolo do Estado, instituído por lei estadual.”

Palavras do primeiro Presidente da FCO, Eng. Osmar Tessmer, extraída do livro “História da Fundação da FCO”

Osmar Tessmer (junho de 2007)

Este texto foi um recorte do documento sobre a história da FCO, Dos Anos 70 aos Nossos Dias, Gestão 2012/2014 – Santa Catarina, Agosto de 2012.


Download da História da FCO